segunda-feira, 27 de outubro de 2014




A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura.


Ornatos Violeta

Hilda Hilst


E agora, José?

'Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!'

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.

    Caio F. Abreu

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

'Depois Daquela Viagem'

Hoje enquanto organizava meu quarto, achei umas agendas antigas, anotações e esse trecho de um livro que até hoje eu acho sensacional:


'Olhei novamente para o céu negro, para os milhares de estrelas espalhadas por todo canto e para lua, quase cheia, brilhando majestosamente. É o universo, pensei, o universo infinito. Daí já começa a complicação. Você já parou para pensar na relação entre o infinito e você? Pois, bem, feche os olhos e pense. Pense em você no infinito. E se o infinito não acaba nunca, o que é que significa você dentro dele? E foi isso que eu fiz, fechei o olho por um instante e pensei: eu, eu no universo, eu no infinito. Será que alguém poderia me explicar a razão disso?(…)(…) Era noite de verão e estava quente. Peguei o elevador que não parava de subir e fui até o topo. No meio do caminho já começava a me arrepender. Se é coisa que me dá gelo na barriga é altura. E aquela droga de prédio tinha mais de cem andares. Mas chegando lá em cima não voltaria para trás. Tomei coragem e fui até a beirada onde estavam vários outros turistas se debruçavam olhando a vista estupefatos e fazendo comentários nas mais diversas línguas. Ventava frio, e do parapeito onde me encostei, olha pra frente, se via uma névoa fina que cobria todo o céu. Respirei fundo e olhei pra baixo, e foi ai que eu vi, lá, muito longe a cidade na qual eu estava. Os prédios pequenos, as casas minúsculas, os carros microscópicos… e as pessoas? As pessoas, não dava pra vê-las. E foi ai que percebi quão pequenos nós somos. In-sig-ni-fi-can-tes! Comecei a rir. Ri de todos meus problemas. Ri de todos meus medos. Ri dos meus sonhos e dos sonhos de todo mundo. Ri de mim mesma. E ri de toda a humanidade. E continuei a rir. Ri tanto que joguei a cabeça para trás e, sem pensar, dei de cara com o céu e aí comecei a imaginar Deus sentado lá em cima olhando  pra baixo. O que é que ele veria de tão alto? Ele não veria nada. Não enxergaria ninguém. Quase chorei, mais resisti e pensei: nenhuma lágrima vai cair desses olhos.'

Esse livro da Valéria Piassa Polizi me fez rir e chorar.
Lembrança boa.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

:*


Computador x Celular

 Seu computador já ficou pronto?
- Não, só amanhã.To desesperada já.
- Foda. Mas vc pode usar seu celular enquanto isso.
- Eu sei, mas não é a msm coisa né.
- Como assim? Tudo que vc faz no computador, vc pode fazer no celular.
- Sim, mas acho o computador é muito melhor.
- É? 
- É, o celular uso mais por praticidade, quando tô na rua e preciso mandar uma msg, ou tirar uma foto, coisas bem banais msm. Enquanto que o computador armazena mais informações, la estão todas minhas musicas, filmes, series, fotos...toda minha vida.
-Hum...então o celular não é legal o suficiente? Não sabe tanto da sua vida quanto o computador. Ele é mais submisso e você consegue levar ele onde quiser. Mesmo o celular sendo cheio de qualidades, vc prefere o computador. Não sabia que era tão tradicional.
- É, acho que sou. O computador é mais confortável, sei la...a tela é maior.
- É tudo uma questão de tamanho então? O celular te acorda, te faz companhia o dia todo, te aguenta no whatsapp e mesmo assim vc fica ai chorando pelo computador.
- Não é bem assim não, o celular tbm não é tão fodão, quando menos se espera, a bateria dele acaba e ele me deixa na mão.
- Aaaah, além de tudo ele não é bom o suficiente pra vc, não aguenta tanto quanto deveria. Por isso vc mantém os dois.
-É.... Celular e computador tem funções diferentes na minha vida e cada um é ótimo naquilo que desempenha.
- Então o celular é só um quebra galho? Não é bom o suficiente pra você a ponto de abrir mão do computador?
- Sim... quer dizer, não. Tô confusa. Ainda estamos falando do computador?
- Sim. A não ser que vc esteja falando de outra coisa. Vc está?
- Não. E você está me assustando.
-Ótimo. Isso te lembrou alguém?
-Sim. Natalia Klein.
-Quem? Ãh... é... ela. Aham.
- Porque? Ela é a única maluca que 'conheço'.
-É? Ok então, agora fica quietinha e assiste a reprodução dos suricatos.
Fiquei quietinha vendo tv imaginando de quem será que ele estava se referindo.

Ah, a academia.

Não adianta, ir a academia pra mim é uma tortura. Assim que chego na porta, o pessoal já começa a fazer piadinhas sobre minha ilustre presença anualmente por lá. Fazer o que se eu tenho vida social né, seus putos. 
Mas ok, pego o restinho da minha dignidade e enquanto faço pullover, fico observando aquela gente esforçada e me dou conta que existe apenas dois tipos que frequentam academia: os gordos que querem ficar marombados e os marombados que querem ser o Arnold Schwarzzenewhaueoauhewqoapiehagger.
Gentinha querendo dividir peck deck comigo e mesmo lançando meu olhar de 'amigo, não divido nem contas, imagina esse aparelho ordinário, não prolonga meu sofrimento, por favor', mas ok. Olho ao redor enquanto espero o amiguinho terminar a série e me sinto tão a vontade quanto um ornitorrinco dançando créu numa paróquia. Juro. Não dá. Não consigo me adaptar à aquele ambiente onde vc vai pra ficar daora e volta com as mãos calejadas e tão atraente quanto um pimentão cozido no banho maria. Gente suando e mesmo assim aquele clima de azaração no ar.
Não frequento micareta, mas vou na academia que é quase a msm coisa.
Me dei conta que ja estava parada pensando e reclamando há muito tempo, parei pra notar as coisas boas, e no mesmo instante, como se o universo tivesse pena de mim e conspirasse a meu favor, começou a tocar highway to hell, já me animei ' pelo menos aqui a música é boa...', sorri enquanto parava pra tomar um gole de água. Não deu nem tempo de ficar feliz: era o remix mais repugnante que já ouvi na vida. Levantei e fui embora, deixando aquele povo animado pra traz.
No brain, no pain. Ou algo assim.